segunda-feira, 26 de junho de 2017

Os Mortos Falam (The Devil Commands, EUA, 1941, PB)


Quando o diabo manda, Karloff obedece...!

O ícone do cinema de horror Boris Karloff (1887 / 1969) ficou eternizado na história por seu papel do “monstro de Frankenstein”. Mas, em sua carreira produtiva com mais de 200 créditos, também se destacam suas performances como o tradicional “cientista louco” que trabalha incansavelmente em descobertas científicas para o bem da humanidade, e que se sente incompreendido pela sociedade com suas criações transformando-se em tragédias. É o caso de “Os Mortos Falam”, filme do distante ano de 1941, dirigido por Edward Dmytryk, produzida pela “Columbia” com fotografia em preto e branco e duração curta de apenas 65 minutos. Uma das taglines promocionais do filme (reproduzida acima) brinca com seu nome original “The Devil Commands” e o apelo comercial do nome de Boris Karloff como astro do Horror, imortalizado para sempre junto com Bela Lugosi, Vincent Price, Peter Cushing, Christopher Lee e outros.  

Karloff é o “cientista louco” Dr. Julian Blair, que faz experiências com ondas cerebrais humanas, e acredita que mesmo após a morte, elas continuam vivas e podem ter seus impulsos gravados numa máquina especial criada por ele, estabelecendo dessa forma um tipo de comunicação com os mortos (dessa ideia deve ter vindo a escolha do título nacional). Ele é auxiliado pelo também cientista Dr. Richard Sayles (Richard Fiske), e juntos trabalham num laboratório repleto de aparelhos elétricos enormes, com botões medidores e alavancas de acionamento para todos os lados. Porém, tudo começa a mudar para pior depois que a amável esposa do Dr. Blair, Helen (Shirley Warde), é vítima fatal de um bizarro acidente de carro nas proximidades do laboratório. Muito perturbado e desorientado por causa da morte repentina da esposa, e com seu trabalho científico desacreditado pelos colegas, o cientista decide se mudar para uma mansão isolada no alto de um penhasco na costa da Nova Inglaterra.
Nesse local sinistro, em meio a tempestades constantes, ele continua suas experiências macabras, influenciado por uma vidente de caráter duvidoso, Sra. Blanche Walters (Anne Revere), que tem interesses obscuros no sucesso dos testes com os cérebros humanos. Também conta com os serviços braçais de Karl (o ator Cy Schindell, creditado como Ralph Penney), um homem bruto e desajeitado que teve o cérebro torrado numa das experiências mal sucedidas do cientista.
Uma vez preocupada com o bem estar e ações misteriosas do pai, a jovem filha do cientista, Anne Blair (Amanda Duff), tenta localizá-lo com a ajuda do Dr. Sayles, para persuadi-lo a interromper seu trabalho suspeito. Enquanto paralelamente o xerife local, Ed Willis (Kenneth MacDonald), está investigando o desaparecimento de cadáveres do cemitério próximo ao laboratório do Dr. Blair, desconfiado de alguma conexão com as bizarras experiências do cientista, cada vez mais temido e indesejável pelos moradores do vilarejo vizinho da mansão.

“Este mago louco mata à vontade a serviço de Satã!” – uma das taglines promocionais do filme

“Os Mortos Falam” é mais uma bagaceira divertida que pertence ao sub-gênero “cientista louco”, com a participação do lendário Boris Karloff, motivo mais que suficiente para o filme se destacar entre a incontável quantidade de produções similares. Temos todos os principais elementos característicos como o laboratório científico exagerado, muito bizarro para a época (quase 80 anos atrás), a mansão no alto de um penhasco à beira do mar, um ambiente extremamente sinistro e apropriado para uma história de horror, e o cientista com boas intenções que foi vítima de uma tragédia pessoal, sendo corrompido pela descrença e obcecado por um objetivo científico com resultados catastróficos. Suas ações suspeitas, resultado da obsessão em se comunicar com a esposa falecida, despertaram a desconfiança das autoridades e a ira cega dos vizinhos, que por temerem o desconhecido, desejavam sua destruição.
O maior destaque, além da atuação convincente de Boris Karloff como o cientista de boas intenções distorcido para “louco”, são as cenas das experiências com os mortos, vestindo armaduras de aço parecidas com trajes espaciais toscos, com seus cérebros conectados uns aos outros, simulando uma única grande rede de ondas cerebrais. Remetendo-nos totalmente ao cinema fantástico bagaceiro, onde o horror e a ficção científica caminham juntos para um resultado bizarro de puro entretenimento.  

“Se a Ciência puder abrir a mente humana, poderá descobrir os segredos de cada cérebro humano.” – Dr. Julian Blair

(Juvenatrix – 26/06/17)

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