segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A Maldição da Casa do Diabo (The Fall of the House of Usher, EUA, 1979)


O cultuado escritor americano Edgar Allan Poe (1809 / 1849) teve uma grande quantidade de seus contos transformados em filmes. “A Queda da Casa de Usher” é uma das histórias mais filmadas, com diversas versões. Entre as principais temos a produção francesa muda em preto e branco “La chute de la maison Usher”, dirigida por Jean Epstein em 1928, e a preciosidade “A Casa de Usher”, também conhecido por aqui como “O Solar Maldito” (1960), dirigido por Roger Corman e com o lendário Vincent Price. Porém, temos também outra versão, produzida especialmente para a televisão em 1979, fazendo parte do programa “Classics Illustrated”, sobre grandes obras literárias adaptadas para filmes, que recebeu o sonoro nome no Brasil de “A Maldição da Casa do Diabo” (The Fall of the House of Usher) quando lançado em vídeo VHS pela “Alvorada”.
Com direção de James L. Conway, essa versão televisiva apresentava o grande ator Martin Landau, dono de um currículo imenso com quase 180 filmes, no papel de Roderick Usher, um dos últimos remanescentes de uma antiga família proprietária de uma mansão gótica amaldiçoada, localizada numa região inóspita e evitada por todos chamada “Ravenshead Lake”, com um lago de águas podres, sem vida, cercado por uma floresta morta envolta em névoa espessa, transmitindo medo e insegurança constantes.
Com história ambientada em 1839, Roderick Usher é um homem portador de uma doença misteriosa hereditária e incurável que o torna extremamente sensível nos cinco sentidos, enfrentando dolorosas torturas por causa de ruídos e claridades, vivendo a maior parte do tempo enclausurado em seu quarto. Ele vive com sua irmã Madeleine (Dimitra Arliss), também terrivelmente doente e sofrendo de insanidade. A mansão centenária esconde segredos obscuros do passado da família Usher, envolvendo práticas de magia negra, bruxaria, idolatria satânica, rituais demoníacos, torturas e sacrifícios humanos, e suas imensas estruturas de pedra e madeira estão decadentes, mal conservadas, cheias de enormes rachaduras e em constante movimentação, ameaçando cair o tempo todo (daí o título do filme). Além deles, também é morador o mordomo Thaddeus (Ray Walston), que faz de tudo no mausoléu macabro, desde cozinhar até inspecionar as diversas salas e quartos imensos, com direito a passagens e túneis secretos para todos os lados. Seus antepassados sempre serviram a obscura família Usher, e ele sente-se preso ao sinistro lugar.
Para tentar ajudá-lo a impedir a queda da casa, Roderick chama seu único amigo de infância e que se formou em arquitetura e engenharia, Jonathan Cresswell (Robert Hays), que decide visitá-lo juntamente com sua recém esposa Jennifer (Charlene Tilton). Porém, após a chegada do casal as coisas sem complicam, a saúde dos irmãos amaldiçoados piora, a loucura se instaura no ambiente, passando uma atmosfera de horror, e mesmo com as tentativas de reforçar as estruturas da casa, suas paredes tremem assustadoramente, ameaçando a vida de todos.
Só pela história inspirada na obra de Edgar Allan Poe (mesmo já filmada várias vezes) e pela presença do ator Martin Landau, já vale a conferida desse filme que é especialmente indicado para os fãs do cinema de horror gótico, com o clima característico das produções inglesas da “Hammer”. Essa versão de “A Queda da Casa de Usher”, com esse título nacional oportunista envolvendo as palavras “maldição” e “diabo” no nome, não é tão famosa e cultuada quanto principalmente a versão da dupla dinâmica formada pelo cineasta Roger Corman e o ator Vincent Price. Porém, a diversão está garantida com todos os elementos típicos do horror gótico, e pela interessante história de loucura e maldição familiar. Com carruagens, floresta fantasmagórica, aldeões supersticiosos, mansão assombrada, ambientes escuros iluminados por velas, vultos ameaçadores ocultos nas sombras, gemidos agonizantes, mortos que levantam do caixão, instrumentos medievais de tortura usados para matar, e atmosfera sufocante do poder das trevas.  

“Todo ato abominável de degradação e horror, aconteceu aqui neste vil abismo do pecado” – Roderick Usher, sobre uma sala secreta para a prática de magia negra.

(Juvenatrix – 27/02/17)

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